terça-feira, 29 de março de 2011

Presidio

Presídio - movimento quer parar a Rodovia Anhanguera

 28/3/2011

Pressão política é a saída para barrar vinda de penitenciária

Parar a Anhanguera, fazer um panelaço e um abaixo-assinado, lotar a praça, espalhar outdoors e faixas pela cidade, fechar as lojas em protesto por alguns minutos, pressionar via email os deputados estaduais e federais... Estas foram algumas das propostas aprovadas na primeira reunião do Movimento de Repúdio ao Presídio, ocorrida na noite de quinta-feira na Câmara Municipal. Mais de 80 pessoas, representando 40 entidades, associações de bairros, escolas e universidades, lotaram o plenário e deram muitas ideias. Todas com um só objetivo: mobilizar a cidade para que a pressão contra a construção de uma penitenciária no bairro Souza Queiróz de Santa Cruz da Conceição, a menos de 9 km de Pirassununga, chegue ao governador Geraldo Alckimin.
“Se tiver que perder todas as verbas prometidas para a região em troca de um presídio eu perco, mas não quero presídio aqui”, disse o presidente da Associação Comercial e Industrial de Pirassununga (ACIP), Sebastião Amador Mistieri Júnior, resumindo o sentimento que tomou conta das pessoas, a maioria preocupada com o que pode ocorrer com a cidade caso uma penitenciária masculina para quase 800 presos seja instalada na cidade vizinha, como é o plano já anunciado pelo Governo do Estado.
“Santa Cruz da Conceição é o menor dos males”, avisou o presidente do Conseg – Conselho Comunitário de Segurança da cidade, Mário da Cruz Felício Júnior. “Quem achar que vai vir emprego, está enganado. O presídio é autosuficiente. E quem vai sofrer é o comércio e as Santas Casas de Pirassununga e Leme.”, completou ele.
E foi justamente essa uma das grandes preocupações das associações de bairros como Santa Fé e Vila São Pedro, presentes à reunião. Para elas, por serem mais pobres, é lá que vai ser o maior fluxo de famílias dos presos que se mudarem para a região, superlotando áreas já tão carentes.

SAP confirma
O início da construção de uma unidade prisional no km 198 da Rodovia Anhanguera ainda não está marcado, mas a Secretaria da Administração Penitenciária confirmou em email a O Movimento a vinda do presídio, desmentindo a notícia de que havia desistido da empreitada. “A SAP pretende construir uma Penitenciária Masculina naquela região”, diz o texto enviado pela assessoria da Secretaria. “Importante lembrar que a população carcerária do Estado de São Paulo vem aumentando substancialmente, principalmente durante este ano. O programa de construção tem como objetivo a retirada de todos os presos e presas que se encontram recolhidos em Cadeias Públicas e Distritos Policiais, bem como atenuar o grave problema da superlotação carcerária nas unidades prisionais”.
Apesar disso, os líderes do movimento pirassununguense acreditam que ainda há tempo de se fazer alguma coisa. “Podemos sim brecar a vinda desta catástofre”, afirma Luiz Henrique Druziani, organizador do movimento. “Nós derrubamos um presidente da República, podemos derrubar esse presídio”, concorda o vereador Léo. “Lamento pelas famílias dos presos, mas esse presídio vai trazer muitos problemas para a nossa cidade e impedir que as empresas venham para cá”.
Exatamente por isso, todos os presentes à reunião concordaram que só uma pressão política e organizada da sociedade pode fazer o governador desistir da ideia, como já ocorreu em outras cidades, como Rio Claro, Capela do Alto e Porto Feliz. Como lembrou o vereador Almiro Sinotti, será o quarto presídio numa área de pouco mais de 130 km (Aguaí, Casa Branca, Itirapina e Santa Cruz da Conceição). “Se não tiver pressão popular, não muda nada”, avisa o vereador Roberto Bruno. E pelo que foi aprovado na reunião de quinta-feira, a pressão deve começar já no dia 1º de abril, com uma grande passeata. Se vai funcionar, só o tempo dirá...
 

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